quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

O ano de Tite no Corinthians - do repentino sucesso à queda e a sua volta por cima no fim de 2015


Após passar um ano "sabático" na Europa estudando sobre futebol, Tite voltou ao Brasil em 2015 após ser contratado pelo Corinthians. Teve como premissa utilizar a formação 4-1-4-1, inspirada no Real Madrid, então dirigido pelo treinador Carlo Ancelotti. Tal tática levou o time merengue à Undécima, o décimo título da Champions League conquistado pelo Real. Com quatro homens atrás (4), um volante (1) comandando a saída de bola e distribuindo o passe para os meias centrais e abertos pelas pontas (4), que por sua vez, serviam o centroavante (1) ou mesmo finalizavam as jogadas.

Muitos não imaginavam o sucesso de Adenor no âmbito do futebol canarinho. Entretanto, ele buscou implantar seu estilo de jogo desde o primeiro treino e viu sua tática desenhada logo no segundo jogo da temporada após vitória de 2x1 contra o Bayer Leverkusen em amistoso válido pela Florida Cup.
Desde então, a cada partida disputada, o time, elenco, mídia e imprensa viram se consolidar um modelo de equipe que sabe defender e atacar. Algo muito diferente de que o técnico se baseava em sua passagem anterior no Parque São Jorge - uma defesa sólida, mas um ataque pouco eficiente.
Famoso pela ideologia que "todos marcam", em que até os atacantes marcavam, o gaúcho comandou um time entre 2010-2013 o qual não encantava o grande público. Desta forma, Tite viu que precisava aprimorar sua ideia de ataque.

Jogo ainda em fevereiro que mostrou a tática implantada por Tite

Foto: meutimao.com.br


Para ilustrar bem esse esquema, podemos começar pela defesa. Os dois zagueiros e os dois laterais compõem a linha de 4. Fagner e na época Fábio Santos avançavam quando o time possuía a bola no seus respectivos lados, muito dificilmente ambos apoiavam o ataque ao mesmo tempo. Passando para o meio, Ralf iniciava o jogo, distribuindo o passe para os zagueiros, laterais, meias centrais e pontas abertos pelos lados. Elias e Renato Augusto também vinham buscar a bola e trabalhavam esta com mais qualidade que o primeiro volante. Sheik - aberto pela esquerda - explorava as laterais e por vezes figurava muito no ataque, mas sempre retornando para marcar. Jadson - aberto pela direita - vinha mais para o meio para comandar as jogadas de criação, porém, realizava jogadas laterais e também voltava para marcar. Danilo realizou neste jogo em questão o papel de Guerrero - ambos se movimentavam pelo ataque, dando opção e servindo os companheiros se possível. Eles eram responsáveis pelo primeiro combate no ataque. 

Desta maneira, a equipe realizou um ótimo primeiro semestre, estabelecendo marcas e comparações com equipes europeias e até com a Seleção Brasileira de 1970 - muito exageradas. Entretanto, com o acúmulo de jogos do Paulistão e Libertadores, suspensão e expulsões de jogadores, falta de comprometimento de um outro atleta (até porque o Corinthians devia meses de salários e direitos de imagem atrasados), o Timão sucumbiu ao cansaço e o estilo de jogo "manjado" pelos adversários. Primeiro, caiu para o Palmeiras nos pênaltis em sua própria arena. Isso foi apenas o começo do que viria: dias depois, após duas atuações pífias, o Corinthians era eliminado pelo pequeno Guarani-PAR na Arena Corinthians, novamente.

A crise ecoava pelos arredores do CT. O time que encantou o país nos primeiros meses de ano convivia com salários e direitos de imagem atrasados, renovações não acertadas e sem perspectivas de melhora. Guerrero e Sheik saíram pelas portas dos fundos; Petros e Fábio Santos tiveram propostas de fora do país e rumaram fora do barco corintiano. Este foi o estopim para que alguns jornalistas e veículos da mídia começassem a dizer que o time brigaria para não ser rebaixado para a segunda divisão no campeonato nacional.

O começo do campeonato foi difícil - 8 jogos, 4 vitórias, 1 empate e 3 derrotas. Apesar da sétima colocação, o time vinha jogando muito mal e as desconfianças pairavam no ar. Esta colocação parecia irreal e parecia questão de tempo do Corinthians despencar na tabela. Porém, Tite foi silenciosamente trabalhando com as peças que tinha - o jovem Malcom e um já cotado para deixar o clube, Vagner Love.

Uendel assumiu a vaga de Fábio Santos com seguras atuações, tanto defensiva quanto ofensivamente; após queda de produção, Felipe voltou à zaga na nona rodada; Bruno Henrique entrara no time para melhorar a saída de bola e a qualidade no passe, visto que Tite enxergava em Ralf um bom roubador de bola, não um bom passador; Malcom entrou na posição de Sheik e Vagner Love na de Guerrero. 

O Corinthians então passou 18 rodadas sem perder. O 4-1-4-1 foi voltando à prática. Luciano entrou no time após um período de instabilidade de Love, mas sofreu uma lesão gravíssima. A equipe do primeiro turno teve 12 vitórias, 4 empates e 3 derrotas em 19 jogos. Alguns bons jogos, outros razoáveis e outros ruins. Precisava-se de uma boa sequência de partidas para trazer confiança no torcedor que o hexa campeonato era uma realidade.

Escalação da reta final do campeonato - a essência permaneceu a mesma

Foto: globoesporte.com.br

Veio o segundo turno e o Corinthians se transformou. Vagner Love desencantou, Malcom conseguiu algumas boas atuações - apesar da inconstância, Jadson e Renato Augusto jogando o fino da bola, Elias como elemento surpresa no ataque, a volta de Ralf na volância após lesão de Bruno Henrique, também deixou a defesa mais bem protegida e confiante. Foram incríveis 44 gols marcados em 19 jogos do segundo turno. O Corinthians de Agosto-Dezembro encantou novamente o país. 

Se reclamavam de supostos erros a favor do Corinthians, não restavam mais dúvidas de quem seria o merecedor do caneco. Se diziam que o elenco não era bom o suficiente, os reservas aplicaram uma goleada de 6x1 no rival São Paulo em um jogo festivo, já com o título conquistado.

E o Corinthians de 2015 termina o ano de maneira imponente a ponto de deixar seus torcedores esperançosos, para que, em 2016, possam colher ainda maiores frutos e galgarem sonhos e objetivos.

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