A copa do mundo de 2002 foi nosso último título, fomos comandados pelo mesmo Luíz Felipe Scolari que é o técnico em 2014. Esse torneio foi muito marcante por ser o primeiro a ser realizado em dois países e também pela primeira vez realizado no continente Asiático.
A seleção canarinho se isolou mais ainda como maior vencedor da história, conquistando seu quinto caneco. Na época os segundos colocados eram Alemanha e Itália, ambas com três (hoje em dia a Itália tem quatro, a Alemanha continua com a mesma quantidade).
Nas eliminatórias, a classificação foi sofrida, passamos na terceira posição (quatro se classificam e um vai para repescagem). A colocação pode fazer parecer que ganhamos a vaga com relativa tranquilidade, mas a Colômbia, primeiro país fora da zona de classificação teve apenas três pontos a menos que o Brasil, isso fez com que chegássemos a Coréia, para a primeira fase com pouquíssima confiança da população ao redor do mundo, e principalmente do Brasil.
A "Família Scolari", sem Romário (o que gerou inúmeras críticas à Felipão), caiu no grupo junto com a Turquia, China e Costa Rica. Estreamos com uma vitória mais difícil do que o esperado sobre a Turquia, fomos para os vestiários perdendo por 1x0, mas dominamos as ações no segundo tempo, e nem a ótima atuação do goleiro Rustu impediram a virada por 2x1. Na segunda rodada, contra a China, o jogo mais parecia estar sendo disputado em Pequim do que na Coréia. Quase 35 mil chineses lotavam o estádio e faziam muito barulho. Mas não foi suficiente para suprir a inferioridade técnica, ao final do jogo, o placar assinalava 4x0. Com a classificação para a segunda fase já garantida, enfrentamos os costa-riquenhos com algumas alterações, com o intuito de acertar alguns detalhes e poupar jogadores pendurados com o cartão amarelo. Num jogo bem aberto e com muitos gols, garantimos o 100% de aproveitamento com uma vitória por 5x2.
A segunda fase do torneio seria disputada no Japão. Lá aconteceram várias reclamações com relação à arbitragem, o nível deles foi um dos piores das histórias. A maior parte estava despreparados e conduziram as partidas como se elas fossem disputas de fim de semana entre casado e solteiros. Não foram poucas as seleções prejudicadas, entre elas Itália, EUA, Espanha. Mas nenhuma mais desfavorecida do que a última. No jogo contra os sul-coreanos o árbitro anulou nada menos do que dois gols legítimos dos espanhóis e o gol da coreia foi bem pelêmico. Coincidência ou não, todos os países que mais reclamaram enfrentaram os anfitriões da primeira fase, que terminou a copa em 4º lugar, melhor campanha da história de um asiático.
Nas quartas de final o adversário foi a Bélgica, pela primeira vez esse confronto acontecia. Vencemos por 2x0 em uma partida muito sofrida. O goleiro Marcos foi considerado o melhor em campo e realizou defesas monumentais. As quartas de final foram super marcantes, enfrentamos a Inglaterra, nosso retrospecto contra eles eram bom, em três jogos, nenhuma derrota. Devido a difícil vitória sobre os belgas, assistida pelos ingleses na tribuna de imprensa, eles acreditavam que vitória viria com certa tranquilidade, até os jornais estampavam "Isso é tudo que vocês tem?". Começamos um jogo melhor, mas em um vacilo da defesa, os Ingleses abriram o placar. Após uma belíssima jogada de Ronaldinho (nome daquela partida), Rivaldo marcou, e ao final da primeira etapa o jogo estava empatado. No início da etapa final os torcedores do mundo inteiro viram uma obra de arte ser criada no gramado de Shizuoka. Um gol antológico de Ronaldinho Gaúcho de falta, quase do meio campo. Ao observar o goleiro Seaman adiantado a espera de um cruzamento, ele arriscou o chute direto. Gol da virada e da classificação

Nas semis, um reencontro com um time da fase de grupos, a surpreendente Turquia. O clima era de vingança para os turcos. Para aquele jogo que Ronaldo apareceu com o novo corte de cabelo, se assemelhava ao personagem de quadrinhos Cascão. Em mais um jogo complicado e sofrido, garantimos a vaga para a final com um gol do artilheiro Fenômeno, que em 2006 se tornaria o maior artilheiro da história de copas do mundo. No final do jogo um lance arrancou aplausos e gargalhadas dos torcedores do mundo inteiro, menos dos turcos, é claro. Denílson partiu em um contra-ataque pela direita, e foi perseguido por quatro zagueiros adversários, que tentavam roubar a bola, mas conseguiram apenas uma falta. Com a vitória, mais um recorde foi quebrado, o de chegar a três finais consecutivas, 94, 98, 02.

Na final se enfrentariam os dois maiores vencedores do século XX, com sete títulos combinados mas que nunca haviam se enfrentado. As esperanças alemãs de segurar o melhor ataque da Copa estavam depositadas na figura de seu goleiro, Oliver Kahn, considerado o melhor jogador da competição. Do outro lado, Ronaldo chegava a sua segunda final e pretendia superar o fracasso de 98.
Desde o começo já estava claro que o Brasil partiria para o ataque, enquanto a Alemanha apostaria no contra-ataque. Com dois gols do fenômeno e uma atuação de gala do camisa 10, Rivaldo, ganhamos o jogo por 2x0 e levantamos a taça pela quinta vez. Além disso nos tornamos a primeira a vencer em três continentes distintos.
Como essa foi o primeiro título que eu vi, resolvi contar uma história minha. No dia da final, estava marcado uma viagem a Espanha, iria eu, minha mãe, meu pai e minha irmã. Ainda durante o voo saiu o primeiro gol, o piloto avisou, a festa foi imensa dentro do avião. Ao chegarmos no gigantesco aeroporto espanhol, saímos correndo a procura de uma TV. Achamos uma bem pequena e rodeada por alemães, ficamos por lá mesmo. Ao final da partida, aos seis anos de idade, resolvi comemorar fazendo um "aviãozinho" perto dos torcedores adversários, sorte a minha que eles levaram na brincadeira.