domingo, 8 de junho de 2014

Uma Copa por dia - Bi campeão! 1962

 Respaldado pelo título de 58, João Havelange, presidente da CBD (atual CBF), decidiu repetir o plano que quatro anos antes havia dado certo. O "Marechal da Vitória", Paulo Machado de Carvalho foi novamente colocado à frente da delegação que buscaria em campos chilenos o bi campeonato comandados pelo técnico Aymore Moreira.


 O então campeão, Brasil, defenderia seu título como cabeça de chave do grupo 3, acompanhado por México,  forte Espanha e a sempre perigosa Tchecoslováquia. Essa foi a última copa em que foi permitido que algum jogador naturalizado atuasse pelo seu novo país, mesmo que já tivesse atuado pelo antigo. Hoje em dia só é permitido caso ele não tenha atuado pelo seu país de nascença. O atacante Brasileiro Mazola jogou em 1958 pelo Brasil e em 1962 pela Itália. 
 Estreamos contra a fraca equipe do México. Apesar do desnível técnico, nossa seleção não fez uma boa estreia, sentiu a pressão de ser o campeão. Mesmo assim a vitória veio, 2x0. No segundo jogo contra uma defesa bem armada, o placar não foi alterado. O lance mais marcante desse jogo foi a lesão do Pelé, uma distensão na coxa o deixou fora o resto da Copa. Como não era permitido substituições, aqueles foram os últimos 90 minutos do craque no torneio. Na última rodada a classificação veio com uma vitória de virada sobre a Espanha. Naquela partida que Nilton Santos deu aquele famoso "passinho salvador", após fazer pênalti na entrada da área, malandramente ele deu um passo para fora dela, enganou o juiz, que marcou falta
 A seleção seria comandada por Garrincha a partir das semis. O gênio das pernas tortas jogou por meio time, muitos dizem que o título veio graças ao maior ponta da história do futebol. 


  Nas quartas enfrentamos a Inglaterra (que seria campeã em 66). Para anima-lo, a comissão técnica disse à Garrincha que o lateral Inglês declarou que iria anular o ponta, tempos depois Flowers dissera que não entendia por que todas as vezes que o craque apanhava a bola partia pra cima dele para driblá-lo. Com uma atuação divina de Garrincha, ganhamos por 3x1. 
  Na semifinal enfrentaríamos os donos da casa, e pra variar, Garrincha destruiu. Em um estádio lotado, com um público recorde de 77,000 pessoas, que na sua grande maioria acreditavam que o Chile poderia bater os atuais campeões. Mas um balde de água fria foi jogado na cabeça deles logo aos nove minutos. O jogo acabou 4x2. Garrincha foi expulso por ter dado uma "paulistinha" no traseiro de um adversário após sofrer falta dura. Ao sair de campo foi atingido por uma pedra lançada das arquibancadas. Imediatamente os dirigentes começaram a mover seus "pauzinhos" para não deixa-lo fora da final por ter levado o cartão vermelho. A comissão disciplinar da FIFA não prejudicou o Brasil e absolveu nosso craque. 
 Na final um repeteco do jogo da fases de grupos. Brasil x Tchecoslováquia, para quase todos a seleção canarinho era favorita. Garrincha entrou em campo com 39º de febre e não repetiu as atuações anteriores, mas nem foi preciso. Três jogadores thecos foram colocados para marca-lo, quando perceberam que ele não estava em seus melhores dias, já era tarde. O jogo acabaria 3x1 e o bi campeonato era nosso. 
  "Durante as quartas de final, fui levar minha esposa ao médico e quando estava na Avenida Angelica saiu um gol do Brasil, eu comecei a buzinar, coloquei a mão para fora pela janela e gritei um monte, quase bati o carro. Na realidade todos que estavam lá comemoraram muito, foi a maior festa. Outro fato engraçado foi na final, no primeiro tempo já estávamos ganhando e saímos para comprar fogos de artifício e levei meu filho pequeno junto. Compramos os fogos e saímos correndo para ouvir a irradiação do segundo tempo, já que naquela época não tinha transmissão ao vivo pela televisão, e esquecemos meu filho lá. Minha sogra que sentiu a falta dele e voltamos rapidamente para buscá-lo. Quando chegamos lá ele estava sentado em cima do balcão brincando com uma estrelinha e nem percebeu que nós não estávamos mais" contou meu avô Roberto Gabor, que assistiu a todos os títulos da seleção. 
 Uma geração brilhante, com craques como Gilmar, Bellini, Mauro, Djalma Santos, Nilton Santos, Zito, Didi, Vavá, Zagallo, Pelé e Garrincha colocaram o futebol Brasileiro definitivamente na elite do esporte mundial. 

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