A copa de 1970 foi uma das mais importantes para o Brasil, já que foi a do tri campeonato, consequentemente nos tornamos os maiores campeões de todos os tempos, e mais importante de tudo, a taça da Copa, chamada Jules Rimet se tornaria Brasileira por definitivo. Foi aí que surgiu a expressão "a taça do mundo é nossa"
O Brasil vivia um momento conturbado, os grupos militares ganhavam cada vez mais força, e havia praticamente um absolutismo do governo. Período negro da história Brasileira, ficou conhecido como os "Anos de Chumbo".
No grupo 3 estavam: Inglaterra, Brasil, Tchecoslováquia e Romênia. A primeira Copa que foi utilizado a tecnologia de satélite e permitiu que os jogos fossem acompanhados ao vivo em todo o nosso território nacional. Na estreia batemos os Tchecos por 4x1. Um lance super marcante dessa partida foi um quase gol sensacional do Rei Pelé, que ao observar, do meio campo, o goleiro adiantado, arriscou da meia lua central, o mundo inteiro prendeu a respiração por alguns segundos, aguardado a conclusão da jogada, a bola caprichosamente passou a centímetros da trave, esse é o motivo daquela clássica frase "o gol que nem Pelé fez".
Na segunda partida um encontro entre os campeões das duas copas antes da de 1970. Brasil x Inglaterra. Duelo entre o futebol força dos europeus e o arte do Brasil. A partida terminaria com uma vitória canarinha por 1x0. Mas mais marcante que a vitória, sem dúvida alguma foi a defesa do goleiro inglês, Gordon Banks que após um cabeceio perfeito de Pelé, voou para buscar a bola, e fazer com que a torcida do estádio todo segurasse aquele grito de gol que praticamente já estava na ponta da língua. Nessa que é considerada a defesa mais difícil da história. Com a vitória a classificação para as quartas já estava garantida, e na terceira rodada, com uma vitória por 3x2 sobre os romenos, a primeira colocação do grupo foi consolidada.
Nas quartas vinha o Peru, que para muitos era o azarão daquela fase. A classificação veio, o placar, 4x2. Dali para frente pareceu outro torneio. Brasil, Itália, Uruguai e Alemanha estavam nas semis. Das quatro seleções, apenas a Alemanha não era bi campeã, tinha apenas um título, porém, já se sabia que a próxima Copa seria disputada em territórios alemães, e os donos da casa eram favoritos. Portanto tinha um ar de definição de com quem a taça Jules Rimet ficaria (a regra diz que o primeiro país a ser tricampeão tem o direito de ficar com a taça em definitivo).
Em um clima de revanche por causa da final de 50, enfrentamos o Uruguai. A vitória veio, mas foi sofrida. O Brasil começou muito nervoso e tomamos o gol logo no início da partida, o empate só viria nos últimos minutos da primeira etapa. No segundo tempo, a técnica brasileira sobre saiu e vencemos por 3x1. Estávamos classificados para a final contra a Itália Novamente, Pelé marcou a partida, não por gols feitos, mas sim pelos que ele não fez. O voleio de resposta a um tiro de meta, que quase pegou o arqueiro uruguaio no contra pé e o famoso drible de corpo sobre o goleiro Mazurkiewicz. Nesse segundo lance, Tostão lançou Pelé na meia lua da área, o que obrigou Mazurkiewicz a deixar a meta para tentar chegar na bola antes do atacante. Pelé passou sob a bola sem toca-la, enganando a todos, e busco-a do outro lado, aplicando o chamado "drible da vaca" e chuta cruzado para o gol vazio. A bola passa a poucos centímetros da trave e sai pela linha de fundo.
Em uma final muito mais fácil do que o esperado, o Brasil passou por cima da Itália, o placar final foi 4x1 em um estádio com mais de 100 mil pessoas, na sua grande maioria torcendo para o Brasil. Não poderia faltar o gol dele, em sua última copa, Pelé marcou o gol da abertura do placar. A Azurra ainda conseguiu o gol de empate, mas esse foi o primeiro e último lance de perigo deles. Aos 45' da etapa inicial, o gol de Pelé colocaria o Brasil novamente a frente, se não fosse o juiz. Segundos antes da rede ser balançada, ele apitou e encerrou o primeiro tempo, que acabou 1x1. Na parte final, os italianos praticamente só bateram, mas não foi suficiente para segurar o impeto brasileiro, que marcou mais 3 gols, sendo um deles uma marca daquela incrível seleção. Após bela jogada de Clodoaldo, Pelé recebe a bola e parece pressentir a chegada de Carlos Alberto, o camisa 10 rola a bola para o lado e o lateral chega e "enche o pé" para estufar as redes italianas.
No apito final, o campo foi invadido por uma multidão entusiasmada, Tostão é deixado quase nu, Rivelino desmaia, Gérson chora sem parar, Pelé é carregado nos ombros dos torcedores, que colocaram até um sombrero mexicano em sua cabeça. No Brasil as ruas foram tomadas pela população, que fazia uma festa inacreditável.
Para muitos essa foi a maior seleção de todas. Aquela é eterna!
Para Silvio Gabor, essa foi uma copa inesquecível. Apesar da defesa "fraca", o meio de campo e o ataque eram esmagadores. Gerson era capaz de por a bola onde quisesse, com lançamentos de muitos metros. Jairzinho, o "furacão da copa" fez gol em todas as partidas. Tostão jogou muito sem a bola. Rivelino, "patada atômica" pela potencia do chute e Pelé mostrou que é o maior de todos os tempos, tão perfeito, que imortalizou lances que não acabaram em gols. O maior time de futebol que jamais pisou em gramados desde a invenção do futebol.
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