A copa de 1994 foi uma das mais sofridas, por diversos motivos. Antes mesmo do início, já havia uma apreensão no ar, já que estávamos sem ganhar nada há 24 anos e devido a péssima performance em 90. Durante a copa só jogo sofrido, o que resultou na primeira copa da história a ser decidida nos pênaltis. Fora isso, estávamos em luto, devido a perda de nosso herói de domingo, o grande corredor Ayrton Senna.
O técnico escolhido para comandar a seleção foi Carlos Alberto Parreira, que não contava com a unanimidade da imprensa, muito menos da torcida, principalmente pelo seu estilo de jogo ser muito pragmático.
Na copa, nessa época já com 24 seleções, pelo sorteio caímos no grupo B junto com Suécia, Rússia e Camarões. Na estreia pegamos os russos, uma vitória por 2x0 garantiu os três primeiros pontos. Romário foi decisivo naquele jogo, e começava a deixar a torcida esperançosa, já que ele tinha prometido que traria o caneco e seria o artilheiro. A partir daquele jogo iniciou-se uma contagem regressiva de jogos para o título, estava em seis. Para trazer a contagem em cinco, vencemos camarões por 3x0 tranquilamente. Já com a classificação para a segunda fase garantida, um jogo muito abaixo da média contra a Suécia, o placar ficou empatado, um gol para cada lado. Zagallo continuava confiante e avisava: "Quatro jogos!"
Nas oitavas de final, um adversário complicado, nem tanto por sua habilidade, muito menos pela história no futebol, mas sim por serem os donos da casa, e super animados para ir as quartas, os Estados Unidos. Os Americanos foram fechados, apostando em contra-ataques. Por pouco a tática não deu certo, várias oportunidades surgiram, mas nenhuma aproveitada. Marcamos no final do jogo, sem necessidade de prorrogação, como o jogo parecia estar caminhando para e eliminamos os anfitriões.
Nas quartas de final um jogo eletrizante, deixou a todos com o coração na mão até o último segundo. Batemos a Holanda por 3x2. Bebeto marcou o segundo gol da seleção e também da partida, e na comemoração eternizou um gesto que até hoje é repetido por muitos jogadores em todo o mundo, aquele que ele fingia estar ninando um criança em seus braços. (confira na foto abaixo). A holanda ainda empataria a partida, o gol da vitória saiu de um falta fortíssima cobrada por Branco depois dos 35' do segundo tempo, quando todos já acreditavam que uma prorrogação era inevitável.
Nas semis enfrentamos um velho conhecido nosso em copas, a Suécia. Seis encontros já tinham sido disputados desde 1938. Sem se quer uma derrota brasileira. O jogo parecia uma disputa de "gato e rato". Só dava Brasil, os suecos pareciam querer evitar bola rolando, por saber de sua inferioridade técnica e temer bastante a dupla fortíssima de ataque formada por Bebeto e Romário. O jogo acabou em um sofrido 1x0. Zagallo, só pra variar continuava com sua contagem regressiva, faltava apenas uma partida.
Na final contra a Itália, entramos em campo com: Taffarel, Branco, Aldair, Márcio Santos e Jorginho; Dunga, Mauro Silva, Zinho e Mazinho; Romário e Bebeto. Mas todas as câmeras estavam voltadas para o baixinho camisa 11 e para o italiano Roberto Baggio. A partida foi muito nervosa, jogamos melhor, mas a Itália se segurou muito bem na defesa, lutaram bravamente até os últimos minutos, contando com uma atuação de gala do zagueiro Baresi. Acabado o jogo em 0x0, pela primeira vez a final teria seu vencedor decidido apenas nos pênaltis.
Aquele mesmo Baresi cobrou o primeiro pênalti e perdeu, o Brasil saia em vantagem, mas Márcio Santos não passou do goleiro Pagliuca, continuava em 0x0. Na sétima cobrança, quando estava 2x2, Taffarel honrou a famosa frase "sai que é sua Taffarel" e fez uma bela defesa, voltamos a ter vantagem. Dunga marcou para o Brasil e a cobrança de Roberto Baggio poderia decidir tudo, e não é que o craque italiano perdeu? Ele pegou muito em baixo da bola, que passou por cima do travessão. Final Brasil 3 x 2 Itália na disputa de penalidades máximas.
Depois de 24 anos, voltávamos a levantar o caneco, e nos tornamos o primeiro tetra campeão. O futebol apresentado pode não ter sido aquela dos sonhos da torcida, mas a disciplina tática de Dunga, Mário Silva, Zinho, aliada ao talento de jogadores como Bebeto e Romário, reconduziram o Brasil à elite do futebol mundial. Uma faixa foi estendida em homenagem a Ayrton, dizia: "Senna, aceleramos juntos. O Tetra é nosso!"
Fica um agradecimento super especial a Marcelo Ceneviva, que ajudou bastante na composição desse post, e que inclusive faz aniversário hoje. Parabéns e muito obrigado!
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